Saturday, March 31, 2012

Pecado capital


Não sei nem como começou
Este amor que todos taxam de imoral,
Porém, nem percebia
Que invadia tua vida
Que te estragava o dia e a calma.
Tu sonhavas ainda e eu fingia
Que só um de nós pecava.
Ainda que nem soubesses
Sei que adivinhavas;
Já me adivinhavas e sabias
Quando sozinha praticavas
Que era só um treino
Um pecadinho original
Antes de todo pecado capital

Ilustração: cronicasdaregina2.blogspot.com

Explicando o inexplicável


Eu, por saber que te amo,
E que, no amor, todas as coisas são difíceis,
Tento te dizer o que não sei explicar
Sobre os avanços, recuos e
Empecilhos que a vida nos dá
Para que tenhas o entendimento
De que mesmo no maior silêncio
O meu amor é maior do que qualquer distância
E faz tudo mais não ter importância.
Só me preparo
Porque se chegas,
Se algum dia chegas,
Serás como um vendaval
Que arrasta as janelas
Que joga o mundo inteiro pelos ares
E tudo vira, revira, quebra e arrasa
E quando passa traz uma estranha calma
Para que a vida, triunfante, continue
A ser o que é:
O tempo que passa!

Aí! Se eu te visse....


Aí! Se eu te visse, como sonho, nua,
A pele molhada, as coxas brancas tuas,
Os negros pêlos, entre elas, abruptos
Pedindo beijos e gestos dissolutos!
Aí! Se eu te visse, mulher doce e pura,
Sobre a cama , como se uma escultura,
Porém, fremente do amor que espera,
Como as flores, se abrir na primavera.
Ah! Viver este momento quem me dera-
É como um sonho, uma volúpia doce,
Um bombom com o melhor recheio
Que é o prazer do teu ventre, dos teus seios!

Ilustração: http://ameliriopapoulan.blogspot.com.br

Buesa novamente


Me llegabas en la brisa y en la espuma...

José Angel Buesa

Me llegabas en la brisa y en la espuma,
tú, la perdida para siempre...
Tú, la que ennoblecías el sabor del recuerdo,
que ahora llegas más casta y más ausente...
Me llegas en el viento que huele a lejanía,
me llegas en la sal que sabe a muerte,
tú, sombra arrinconada en un silencio;
tú, la perdida para siempre...
Ya no sé por qué sordo camino de la ausencia
bajo que estrellas moribundas vienes,
con los pies inseguros llenos de polvo y de rocío,
tú, la perdida para siempre...

Me chegavas na brisa e na espuma

Me chegavas na brisa e na espuma,
tu, a perdida para sempre...
Tu, que enobrecias o sabor da recordação,
que agora chegas mais casta e mais ausente..
Me chegas no vento que sacode as janelas,
Me chegas no sal que tem gosto de morte,
tu, sombra acantonada no silencio;
tu, a perdida para sempre...
Já não sei por qual silencioso caminho da ausência
Sob que estrela cadente vens,
com os pés inseguros plenos de pó e de orvalho,
tu, a perdida para sempre....

Sunday, March 25, 2012

Buesa outra vez


Canción a la mujer lejana

José Angel Buesa

En ti recuerdo una mujer lejana,
lejana de mi amor y de mi vida.
A la vez diferente y parecida,
como el atardecer y la mañana.

En ti despierta esa mujer que duerme
con tantas semejanzas misteriosas
que muchas veces te pregunto cosas
que solo ella podría responderme.

Y te digo que es bella, porque es bella,
pero no se decir, cuando lo digo,
si pienso en ella porque estoy contigo
o estoy contigo por pensar en ella.

Y sin embargo si el azar mañana
me enfrenta con ella de repente
no seguiría a la mujer ausente
por retener a la mujer cercana.

Y sin amarte mas, pero tampoco
sin separar tu mano de la mía,
al verla simplemente te diría:
"Esa mujer se te parece un poco".

Canção para uma mulher distante

Em ti recordo uma mulher distante,
Distante de meu amor e de minha vida.
A cada vez diferente e parecida,
Como o amanhecer e o poente.

Em ti desperta esta mulher que dorme
Com tantas semelhanças misteriosas
Que, muitas vezes, te pergunto coisas
Que só ela poderia responder-me.

E te digo que és bela, porque és bela,
Porém, não sei dizer, quando te digo,
Se penso nela porque estou contigo
Ou que estou contigo só por pensar nela.

E, sem embargo, se amanhã o azar
Me colocar frente a ela de repente
Não seguiria esta mulher ausente
Por me reter a mulher que vive a me cercar.

E sem amar-te, mas, porém, tampouco,
Da tua mão, a minha, não separaria.
Ao vê-la, simplesmente, te diria:
“Esta mulher parece contigo um pouco”.

Ilustração: veja.abril.com.br

José Angel Buesa


Nocturno VII

José Angel Buesa

Ahora que te fuiste te diré que te quiero,
ahora que no me oyes, ya no debo callar.
Tú seguirás tu vida y olvidarás primero
y yo aquí, recordándote a la orilla del mar...

Hay un amor tranquilo que dura hasta la muerte,
y un amor tempestuoso que no puede durar.
Acaso aquella noche no quise retenerte
y ahora estoy recordándote a la orilla del mar...

Tú que nunca supiste lo que yo te quería
quizás entre otros brazos lograrás olvidar.
Tal vez mires a otro, igual que a mí aquel día
y yo aquí recordándote a la orilla del mar...

El rumor de mi sangre va cantando tu nombre,
y el viento de la noche lo repite al pasar.
Quizás en este instante tú besas a otro hombre
y yo aquí recordándote a la orilla del mar.

Noturno VII

Agora que te fostes te direi que te quero,
Agora que não me ouves, já não devo calar.
Tu seguirás tua vida e esquecerás primeiro
E eu, aqui, recordando-te na beira do mar....

Há um amor tranquilo que dura até a morte,
E um amor tempestuoso que não pode durar.
Acaso aquela noite não quis mais reter-te
E, agora, estou recordando-te na beira do mar....

Tu, que nunca soubestes que eu te queria,
Quem sabe em outros braços hás de apagar.
Talvez olhes a outro, igual a mim naquele dia
E eu, aqui, recordando-te na beira do mar....

O rumor de meu sangue vai cantando teu nome,
E o vento e a noite o repete a passar.
Quem sabe se, neste instante, beijas outro homem
E eu, aqui, recordando-te na beira do mar....

Ilustração: ultradownloads.com.br

Jon Juaristi


Rosario

Jon Juaristi

Yo la quería mucho, pero entonces
amar y destruir sonaban parecido,
como en los más confusos poemas de Aleixandre.
Nos casamos con otros. Tal vez así perdimos
lo mejor de la vida. Quién sabe. Hubo una noche
en que ambos acordamos que pudo ser distinto
el rumbo de esta historia de culpa y cobardía.
Se quitó el pasador de su cabello oscuro
y me lo dio al marchar, y nunca volví a verla.
Murió. No lo he sabido hasta esta tarde misma,
varios años después, en su pequeño pueblo
y frente a la serena desolación del mar.
Ahora intento evocarla, pero se desvanece:
No he encontrado siquiera su pasador de rafia.

"Tiempo desapacible" 1993-1996

Rosário

Eu a queria muito, porém, então
Amar e destruir soavam parecido,
Como nos mais confusos poemas de Alexandre.
Nos casamos com outros. Talvez assim perdemos
O melhor da vida. Quem sabe. Houve uma noite
Em que ambos acordamos que poderia ser distinto
O rumo da história de culpa e covardia.
Ela tirou a fivela de seus cabelos escuros
e me deu ao sair, e nunca mais a vi.
Ela morreu. Eu não sabia até esta tarde,
Vários anos depois, no seu pequeno povoado
e em frente à serena desolação do mar.
Agora eu tento evocá-la, porém, se desvanece:
Não encontrei sequer sua fivela de ráfia.

Ilustração: www.bemlegaus.com

Homero Aridjis novamente


Ayer y hoy

Homero Aridjis

Tu paso, como una sombra,
era difícil de seguir,
y al perderte en una esquina
sólo quedaba en mí, como en la calle,
un vago sentimiento de vacío.

Tu cimbreo, tu cintura
me estremecían
y el jardín parecía tener más rosas
y el verano calor,
pues en mis labios de niño aún no había
la palabra que define al amor.

La edad nos separaba,
como a dos cuerpos,
no de tamaños distintos,
sino de espacios diferentes.

Y mis manos asiéndote,
mis brazos abarcándote,
no podían asirte,
no podían alcanzar tu cuerpo, tu mirada.

Ontem e hoje

Teu passo, como uma sombra,
Era difícil de seguir,
e ao te perder em uma esquina
só restava em mim, como na rua,
um vago sentimento de vazio.

Tuas curvas, tua cintura
me estremeciam
e o jardim parecia ter mais rosas
e o verão, mais calor
pois, nos meus lábios de menino ainda não tinha
a palavra que define o amor.

A idade nos separava,
como a dois corpos,
Não de tamanhos distintos
mas, de espaços diferentes.

E minhas mãos acercando-te,
meus braços abarcando-te,
não podiam te tocar,
não podiam alcançar o teu corpo, os teus olhos.

Ilustração: http://poesiacomemocoes.blogspot.com.br/2012/01/so-nos-entendemos.html

Homero Aridjis revisitado


Sé que piensas en mí...

Homero Aridjis

Sé que piensas en mí
porque los ojos se te van para adentro
y tienes detenida en los labios
una sonrisa que sangra largamente
Pero estás lejos
y lo que piensas
no puede penetrarme
yo te grito Ven
abre mi soledad en dos
y mueve en ella el canto
haz girar este mundo detenido
Yo te digo Ven
déjame nacer sobre la tierra.


Sei que pensas em mim...

Sei que pensas em mim
Porque teus olhos se fecham
E tens nos lábios apertados
Um sorriso que sangra largamente.
Porém, estais distante
E o que pensas
Não pode penetrar-me
E eu te grito vem
Abre minha solidão em dois
E move nela o canto
Que faz girar este mundo parado.
Eu te digo vem
Deixa-me nascer sobre a terra.

Wednesday, March 21, 2012

Verónica Jiménez


La derrota del mar

Verónica Jiménez

A Kurt Folch

Nosotros que tuvimos que pasar
por tantos puertos llenos de agitación
pernoctando en pequeña lanchas
azotados por la lluvia y por la olas
y que fuimos a un tiempo
alegres ebrios a bordo de cargueros sin destino
y silenciosos marineros abandonados en la bahía
nosotros que algún día soñamos en lechos
extensos como las velas de los barcos
y construimos un hogar sobre el viaje de las aguas
bendecidos por la música del mar en la noche
anclamos ahora en esta oscura rada
como náufragos arrojados a su mala suerte
vomitando espuma, con los pies enterrados en la arena
y la piel herida por la sal.

A derrota do mar

Nós outros que tivemos que passar
por tantos portos plenos de agitação
pernoitando em pequenos barcos
açoitados pela chuva e pelas ondas
e que fomos a um tempo
bêbados felizes a bordo de cargueiros sem destino
e marinheiros silenciosos encalhados na baía
Nós outros que um dia sonhamos com camas
tão extensas quanto as velas dos navios
e construimos uma casa no caminho da água
abençoados pela música do mar à noite
agora ancoramos nesta baía escura
como náufragos jogados pela má sorte
vomitando espum, com os pés enterrados na areia
e a pele ferida pelo sal.

Ilustração: John Maxwell. Harbour with Three Boats, 1934, óleo sobre tela, 71.30 x 87.70 cm, George and Isobel Neillands Collection.

Monday, March 12, 2012

Ainda Jon Juaristi


Vers l'ennui

Jon Juaristi

but who is that on the other side of you?


Entonces era el mundo. Qué grande parecía.
En el límite mismo del verano, qué dulce
el tiempo que se abría, la luz indeclinable.

Entre el pinar y el río se extendían los huertos:
los pequeños retazos de maizales y habares
brillaban agolpados bajo el oro de junio.

Inventar cada día las cosas, empaparse
de sol, buscar los nombres del grillo y de la arena,
del hinojo fragante, del cangrejo, del cuarzo.

Y el regreso: la tarde nos devolvía al sueño
por estradas de polvo y escoria triturada,
dóciles a las voces cercanas del cansancio.

Pero yo te sentía. Tú venías conmigo,
ángel del tedio, hermano, arrojando tu sombra
sobre las zarzamoras, tu sombra abominable.

"Diario de un poeta recién cansado" 1985



Sobre o tédio

mas que é isto sobre o seu outro lado?

Assim era o mundo. Que grande parecia.
No limite mesmo do verão, que doce
o tempo que se abria, a luz indeclinável.

Entre os pinheiros e o rio se estendiam os jardins:
as pequenos retalhos de milho e feijão
brilhando abatidos sob o ouro de junho.

Inventar cada dia as coisas, empapar-se
de sol, buscar os nomes dos grilos e da areia,
o perfume das ervas, do caranguejo, do quartzo.

E a volta: a tarde nos devolvia o sono
por estradas de poeira e pedrinhas trituradas,
doces às vozes próximas do cansaço.

Porém, eu sentia. Tu vinhas comigo,
anjo do tédio, irmão, arrojando tua sombra
sobre as amoreiras, tua sombra abominável.

Revendo Jon Juaristi


Lauretta

Jon Juaristi

Ya cesaron las lluvias.
Ya perdieron su flor los jacarandáes.
Pronto me iré de aquí.

No hice muchos amigos.
No bajé a los infiernos como Lowry,
y nada me importabas
cuando te conocí.

Ojalá no te hubiera conocido,
boca de ajonjolí.
Ojalá no te hubiera querido
así.

Sólo espero que nunca la tristeza
te trate como a mí.

"Suma de varia intención" 1987

Lauretta

Já cessaram as chuvas.
Já perderam suas flores os jacarandás.
Pronto me irei daqui.

Não fiz muitos amigos.
Não baixei aos infernos como Lowry,
e nada me importava
quando te conheci.

Oxalá não te tivesse conhecido,
boca de gergelim.
Oxalá não te houvesse querido
assim.

Só espero que nunca a tristeza
te trate como a mim.

Ilustração: palavraseideiassoltas.blogspot.com

Juan Gelman novamente


Nota XXVII

Juan Gelman

de lo posible a lo probable/del
sueño a la realidad hay como
mares/playas nocturnas donde
animales de pico descarnan
formas mojadas por los jugos
del corazón/así/viajamos
del pecho al seco sol que dora
la maravilla/o existir

Nota XXVIII

do possível ao provável/ do
sonho à realidade há como
nos mares/praias noturnas onde
animais de bico descarnam
formas molhadas pelos jugos
do coração/assim/viajamos
do peito ao seco sol que doura
a maravilha/o existir

Ilustração: guiamaceio.com

Juan Gelman


Gotán

Juan Gelman

Esa mujer se parecía a la palabra nunca,
desde la nuca le subía un encanto particular,
una especie de olvido donde guardar los ojos,
esa mujer se me instalaba en el costado izquierdo.

Atención atención yo gritaba atención
pero ella invadía como el amor, como la noche,
las últimas señales que hice para el otoño
se acostaron tranquilas bajo el oleaje de sus manos.

Dentro de mí estallaron ruidos secos,
caían a pedazos la furia, la tristeza,
la señora llovía dulcemente
sobre mis huesos parados en la soledad.

Cuando se fue yo tiritaba como un condenado,
con un cuchillo brusco me maté
voy a pasar toda la muerte tendido con su nombre,
él moverá mi boca por la última vez.

Tango

Esta mulher se parecia à palavra nunca,
Desde a nuca lhe subia um encanto particular,
Uma espécie de esquecimento onde se guardavam os olhos,
Esta mulher se instalava no meu costado esquerdo.

Atenção! Atenção! Eu gritava atenção,
Porém, ela invadia como o amor, como a noite,
Os últimos sinais de que se fazia o outono
Para se acostar tranqüilo sob os óleos de suas mãos.

Dentro de mim estalaram ruídos secos,
Caíam aos pedaços a fúria, a tristeza,
A senhora chuvia docemente
Sobre os meus ossos parados na solidão.

Quando se foi eu tiritava como condenado,
Com uma facada brusca me matei
Vou passar toda a morte estendido com o seu nome,
Ele moverá minha boca pela última vez.

Ilustração: museudobrinquedodailhadesc.blogspot.com

Tuesday, March 06, 2012

Minha maça


Que você é minha maça
Comprovam todas as mordidas que lhe dei.
Se, como será amanhã, não sei..
Hoje as marcas de meus dentes
São tão evidentes
Que teu corpo todo
Só pode ter sumo
Se da minha boca sabe o rumo.
Aprumo o calendário
Sabendo que o teu amor é meu salário
E, mesmo que seja só uma ilusão,
Te saboreio como a mais doce maça
Na minha mão.

Manjar


Teus bombons chegaram..
E o cheiro doce do cupuaçu
Me trouxe a saudade tua
Como se fosse um clarão da lua
Que iluminou a escuridão.
Teus bombons chegaram...
E comi com a sofreguidão
De quem saboreia um coração!